Não Seremos Apagadas! Mulheres Trans Tomam as Ruas de Londres

Nossos Corpos Não Estão em Debate: Um Chamado Pela Defesa do Nosso Lugar Legítimo como Mulheres!

Por Luciana Kimberly Dias, defensora inabalável da nossa existência.

Nossos Corpos Não Estão em Debate: Um Chamado Pela Defesa do Nosso Lugar Legítimo como Mulheres

Nesta semana, o Supremo Tribunal do Reino Unido decidiu que a definição legal de “mulher” deve se basear exclusivamente no sexo biológico, uma decisão que fere profundamente nossos direitos, nossa identidade e nossa humanidade.

Vamos deixar algo muito claro: mulheres trans são mulheres. Nenhum tribunal, nenhum governo, nenhuma ideologia ultrapassada pode apagar essa verdade.

No ultimo sábado, milhares tomaram as ruas de Londres para protestar contra essa decisão retrógrada. Eu estava entre elas, não fisicamente, mas com a minha esperança, não apenas como uma mulher trans, mas como alguém cuja vida e dignidade estão diretamente ameaçadas por essa transfobia institucional disfarçada de clareza legal.

Os cartazes diziam tudo:
“Pessoas trans não são o inimigo.”
“Minha existência não é um debate.”
“Isso não é feminismo. Isso é medo disfarçado.”

Essa decisão não tem a ver com proteger mulheres. Tem a ver com exclusão. Tem a ver com legitimar o preconceito sob a desculpa de um determinismo biológico. Ao ancorar a definição de mulher em cromossomos e genitália, o Supremo Tribunal britânico incendiou décadas de progresso, não apenas para pessoas trans, mas para todas as que acreditam que gênero vai além do que está escrito em uma certidão de nascimento.

Isso abre as portas para consequências reais: exclusão de abrigos para mulheres, de serviços de saúde, de equipes esportivas, da vida pública. Diz para meninas trans que elas não são bem-vindas. Diz para mulheres trans adultas, como eu, que nossa feminilidade é uma farsa. Isso encoraja ainda mais quem já nos humilha, nos persegue e nos violenta.

Nós não vamos desaparecer!

Nossos Corpos Não Estão em Debate: Um Chamado Pela Defesa do Nosso Lugar Legítimo como Mulheres

Às chamadas “feministas” que comemoram essa decisão, o que vocês estão defendendo não é feminismo. Um feminismo que exclui mulheres trans não é libertação, é opressão disfarçada de virtude. O verdadeiro feminismo inclui todas as mulheres, cis e trans. Se o seu feminismo precisa construir muros ao redor do que é ser mulher, ele nunca foi sobre liberdade, sempre foi sobre medo.

Nós, pessoas trans, lutamos demais para sermos apagadas por togas e martelos.

Nossos corpos não são ameaças. Nossa identidade não é delírio. Nossa mulheridade não é negociável.

Somos mães. Somos filhas. Somos irmãs. Somos trabalhadoras, artistas, cuidadoras e líderes. Merecemos andar pelo mundo, e ocupar os espaços femininos, sem sermos tratadas como invasoras.

Essa decisão não vai nos silenciar. Não vai nos esconder novamente. Pelo contrário, ela acendeu uma chama. De Londres a Edimburgo, dos quartos às praças, nós estamos nos levantando, mais fortes, mais visíveis, mais unidas do que nunca.

Porque a libertação trans não é opcional. Ela é essencial.

E não importa o que tentem legislar ou definir, nós ainda estamos aqui.
Nós existimos.
Nós resistimos.
Nós florescemos.

Kimberly é uma Blogueira, Criadora de Conteúdos e Travesti, natural da cidade de Fernandópolis, interior de SP, Voluntária na militância pelos Direitos, Cidadania e Visibilidade Positiva das Travestis e Transexuais em Redes Sociais. 

✉ Contato: luciana.kimberly@yahoo.com




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