Mas pra nós, da comunidade LGBTQIA+, especialmente nós Pessoas Trans, a pergunta que não quer calar é: vamos continuar cabendo na Igreja?
Kimberly Luciana DiasDo Mundo T, em São Paulo
O mundo católico amanheceu com uma notícia histórica: o cardeal norte-americano Robert Francis Prevost foi eleito Papa e adotou o nome de Leão XIV. Aos 69 anos, ele se torna o primeiro pontífice vindo dos Estados Unidos. Mas pra nós, da comunidade LGBTQIA+, especialmente nós Pessoas Trans, a pergunta que não quer calar é: vamos continuar cabendo na Igreja?
Enquanto o Papa Francisco abriu portas e corações com falas como "Quem sou eu para julgar?", Prevost traz um histórico de posições conservadoras. Lá em 2012, por exemplo, ele condenou o que chamou de "estilo de vida homossexual" e criticou famílias formadas por casais do mesmo sexo. Quando bispo no Peru, se posicionou contra o ensino sobre gênero nas escolas. Isso acende um alerta, principalmente em um momento em que os direitos das Pessoas Trans e LGBTQIA+ estão sob ataque em vários países, incluindo os EUA, onde o atual Presidente Donald Trump ajudou a institucionalizar a Transfobia.
Não estou dizendo que ele veio de lá com carimbo político, mas é impossível não ver o contexto. O Vaticano não vive numa bolha. Nossos corpos, nossas vivências e nossos afetos sempre foram alvo de ataques, e agora, mais uma vez, parece que vamos ter que reafirmar nossa existência.
Apesar disso, no seu primeiro discurso, o novo Papa usou a palavra "sinodal", indicando que pode manter o diálogo iniciado por Francisco. Tomara. Mas enquanto isso, a gente segue atenta, unida e resistindo com orgulho. Porque fé também é sobre amor, e ninguém tem o direito de negar nossa espiritualidade.