Nascida em 1952, no bairro de Vila Isabel, Rio de Janeiro, Cláudia viveu muitas vidas em uma só. Foi cantora, dançarina, diretora, produtora, autora, atriz, cabeleireira, e uma Mulher Trans. Aos 20 anos, já trabalhando como cabeleireira em Copacabana, começou a ouvir mais forte o chamado de sua verdade e, com coragem, decidiu se lançar ao mundo como Cláudia Celeste, nome dado por ninguém menos que Carlos Imperial, que via nela uma artista nata.
Sua estreia nos palcos foi em 1973, no tradicional Teatro Rival, com o espetáculo O Mundo das Bonecas. Não demorou para que ela conquistasse a cena carioca e os corações de quem frequentava os bastidores da arte. Ganhou o apelido carinhoso de “Lebre Misteriosa do Imperial” e realmente era um mistério fascinante, um furacão de talento e presença.
Miss, Atriz, Travesti e Silenciada
Expulsa do sonho por ser quem era, Cláudia decidiu então buscar liberdade na Europa, como tantas de nós que, ainda hoje, somos forçadas a cruzar fronteiras em busca de respeito. Mas sua luta não parou por aí. Ao retornar ao Brasil, nos anos 80, brilhou no cinema com os filmes Beijo na Boca e Punk’s, Os Filhos da Noite. Em 1988, retornou à televisão na novela Olho no Olho, da TV Manchete, agora com um papel fixo como Dinorah, uma mulher que, como tantas de nós, enfrentava a dureza da prostituição para sobreviver em um mundo cruel.
Google Reverenciou Cláudia Celeste
Mesmo depois de sua morte, sua trajetória foi lembrada e reverenciada. Em 2022, o Google Brasil prestou homenagem com um doodle, eternizando seu rosto na tela de milhões de pessoas. Uma homenagem merecida, mas ainda pequena diante da grandiosidade dessa mulher que abriu as portas para que hoje possamos ocupar espaços com dignidade, beleza e talento.
🖤 Cláudia foi pioneira. Foi resistência. Foi revolução.🖤
Numa época em que ser Travesti era sinônimo de marginalização total, ela gritou, com sua arte e sua existência, que nós existimos, nós somos capazes e nós temos direito ao sonho.
Hoje, com minha vivência Trans, ao escrever essas palavras, sinto que falo não apenas como admiradora, mas como filha do legado de Cláudia Celeste. Ela plantou a semente que nos permite florescer.
Obrigada, Cláudia. Por cada palco, cada linha de roteiro, cada escândalo, cada lágrima, cada salto alto e cada ousadia. Você é eterna em nós.
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