29 abril, 2025

Nikolas Ferreira é condenado a pagar R$ 200 mil por discurso transfóbico

Deputado é condenado por humilhar Pessoas Trans em rede nacional, vitória simbólica das nossas existências!

Kimberly Luciana Dias
Do Mundo T, em São Paulo

Na última semana, o Tribunal de Justiça do Distrito Federal e dos Territórios (TJ-DFT) deu um passo firme em direção à reparação de uma dor que tantas de nós carregamos todos os dias. O deputado federal Nikolas Ferreira (PL-MG) foi condenado a pagar R$ 200 mil ao Fundo de Direitos Difusos por sua Performance Ofensiva e Transfóbica realizada em pleno plenário da Câmara dos Deputados, em 2023, um espaço que deveria representar o povo, e não humilhá-lo.

Vestido com uma peruca loira, o parlamentar zombou de nossas identidades no Dia Internacional da Mulher. Um gesto que pode parecer "só mais uma piada" para alguns, mas que escancarou o desrespeito institucionalizado com que Pessoas Trans, especialmente as Travestis e Mulheres Trans, ainda são tratadas no Brasil. Não era humor, era escárnio. Não era liberdade de expressão, era violência simbólica.

A ação foi movida pela Aliança Nacional LGBTI+ e pela Abrafh, duas entidades que têm sido aliadas na defesa dos nossos direitos. E embora o valor definido esteja longe dos R$ 5 milhões inicialmente pedidos, e o pedido de retratação pública tenha sido negado, essa decisão judicial representa algo poderoso: o Judiciário reconheceu que nossa dor não é exagero. É real, e merece reparação.

A juíza Priscila Faria da Silva foi clara ao afirmar que a liberdade de expressão não pode ser escudo para a prática do discurso de ódio. E é isso que tantas vezes precisamos gritar aos quatro ventos: nós existimos, e nossa dignidade não está aberta para debate em tribuna nenhuma.

Essa vitória não é só jurídica. Ela é simbólica. 

Ela é política. Ela é nossa.

Porque cada vez que um político nos transforma em piada, cada vez que zombam dos nossos corpos, cada vez que nos chamam de “homens que se sentem mulheres”, eles tentam nos apagar. E mesmo assim, seguimos aqui: de salto alto ou tênis, de batom ou de cara lavada, com diploma na mão ou lutando pra sobreviver, mas sempre com a cabeça erguida.

Que esse caso sirva de exemplo para quem acha que pode continuar nos ofendendo impunemente. Estamos de olho. Estamos organizadas. E não vamos mais aceitar sermos tratadas como caricatura por quem vive do privilégio e da covardia.

Nossos nomes não são chacota. São resistência.

Kimberly é uma Blogueira, Criadora de Conteúdos e Travesti, natural da cidade de Fernandópolis, interior de SP, Voluntária na militância pelos Direitos, Cidadania e Visibilidade Positiva das Travestis e Transexuais em Redes Sociais. 

✉ Contato: luciana.kimberly@yahoo.com



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