La Veneno foi muito mais que um rosto na TV. Ela foi voz. Voz de tantas de nós que, como ela, saíram de cidades pequenas onde o preconceito é mais barulhento que qualquer amor. Nascida em Adra, na província de Almería, teve que abandonar seu povoado para poder viver quem realmente era. Como muitas de nós, foi empurrada para a prostituição, não por escolha, mas por sobrevivência, por falta de opções, por exclusão sistemática.
Na década de 1990, quando ser travesti na mídia ainda era sinônimo de piada e marginalização, La Veneno subiu ao palco e não pediu licença: ela existiu com força, beleza e carisma. Se tornou famosa no programa de Pepe Navarro e, mesmo com o sensacionalismo em torno da sua imagem, ela fez o que poucas conseguiram, colocou uma travesti nos lares espanhóis, e não como chacota, mas como gente, como mulher, como figura de destaque.
Seu nome virou grito de guerra, seu corpo virou bandeira.
E sua história, parte da nossa luta.
Nos seus últimos dias, La Veneno vivia o turbilhão que é ser uma lenda viva, e recém lançado sua biografia explosiva, “¡Digo! Ni Puta Ni Santa: Las Memorias de La Veneno”, onde revelava bastidores sombrios e nomes de peso do poder. Foi encontrada desacordada em casa, com lesões e sinais que levantam dúvidas. Muitos apontam que sua morte não foi acidente, e sim silenciamento.
A Espanha chora. O Mundo Trans chora. Mas também celebra, celebra a trajetória de uma mulher que, mesmo em meio ao ódio e ao escárnio, ousou brilhar. La Veneno nunca será esquecida. Porque cada Travesti que ousa existir, cada Mulher Trans que sonha com liberdade, carrega um pouco do seu legado.
Obrigada, Cristina. Por ter sido verdadeira. Por ter sido corajosa.
Por ter sido La Veneno. Até logo, Estrela.
Siempre en nuestras Vidas Cristina.
ResponderExcluirDescansa ya mi gran idolo.
ResponderExcluirTu mas grande fan desde mexico