Papa Francisco compara pessoas trans a armas nucleares e gera revolta na comunidade LGBT
Em mais uma declaração que fere e apaga vivências, o Papa Francisco voltou a atacar a comunidade LGBT. Dessa vez, ele comparou travestis e pessoas transexuais a armas nucleares, uma fala chocante e que ecoa como violência simbólica, especialmente para quem vive na pele as consequências do preconceito.
“Pense em armas nucleares, a possibilidade de aniquilar em alguns momentos um grande número de seres humanos. Considere também a manipulação genética, a manipulação da vida ou a teoria de gênero, que não reconhece a ordem da criação. Com esta atitude, o homem comete um novo pecado contra Deus, que é o Criador”, disse o Papa.
A declaração, feita em um texto publicado no último dia 19, em que o pontífice convida cristãos a “preservarem a ordem da criação”, foi recebida com indignação na Argentina, especialmente por ativistas trans e organizações LGBT+. Para muitas pessoas trans, como eu, essa fala não é apenas infeliz, é cruel. É um apagamento das nossas histórias, das nossas lutas e da nossa humanidade.
“Isso é uma ofensa que somente promove o ódio e a discriminação”, declarou Esteban Paulon, presidente da Federação Argentina LGBT (FALGBT).
Marcela Romero, presidenta da Associação de Travestis e Transexuais da Argentina (ATTA), também se posicionou: “Temos que novamente suportar ser o centro das declarações que discriminam, degradando até mesmo ao ridículo. Todos os nossos anos de trabalho por inclusão são apagados em segundos por essas palavras”.
A declaração do Papa choca ainda mais por ter vindo poucas semanas após ele receber um homem trans no Vaticano, gesto que, na época, foi visto como sinal de abertura. No entanto, discursos como esse expõem a incoerência e reforçam a estrutura religiosa que insiste em nos empurrar para as margens.
Nosso corpo não é arma. Nossa identidade não é pecado. E nossa existência é sagrada.