31 janeiro, 2012

Dia da Visibilidade Trans aconteceu no Metrô Sé em São Paulo

Em evento na Estação Sé do Metrô de São Paulo, travestis e Transexuais exigem visibilidade e respeito


Talita Martins
Da Agência de Notícias da Aids
Personalidade e Militante LGBT, Bianca Mahafe em destaque nas atividades no metrô Sé (Foto: Mundo T)

O evento fez referência ao Dia da Visibilidade de Travestis e Transexuais, celebrado em 29 de janeiro, mas que em São Paulo ganhou destaque nessa segunda-feira com o propósito de atingir o grande número de pessoas que circulam pela estação Sé do metrô.

O evento fez referência ao Dia da Visibilidade de Travestis e Transexuais, celebrado em 29 de janeiro, mas que em São Paulo ganhou destaque nessa segunda-feira com o propósito de atingir o grande número de pessoas que circulam pela estação Sé do metrô.

A Drag Queen Renata Perón cantou sucessos de Noel Rosa e Ivete Sangalo, mas foi o refrão “É preciso amar as pessoas como se não houvesse amanhã”, da música Pais e Filhos, da Legião Urbana, que mais emocionou a plateia e fez sentido aos participantes do ato. 

O evento foi uma iniciativa da Secretaria de Justiça e Cidadania de São Paulo, por meio da Coordenação de Políticas para a Diversidade Sexual.


Uma das principais dificuldades lembradas pelas travestis presentes no evento foi a falta de opções de trabalho. “Sempre fecham as portas para nós porque somos travestis. Muitos empregadores não querem nem saber se temos qualificação profissional”, relatou Bianca Mahafe, formada em auxiliar de administração, mas atualmente “profissional do sexo para sobreviver”, como define.

O Presidente da Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô), Sérgio Avelleda, também participou da ação. Ele foi questionado se o órgão contrataria travestis para trabalhar no metrô. “Já tivemos uma jovem travesti trabalhando conosco, ela participou do programa Jovem Cidadão. Os funcionários do metrô são concursados, por isso qualquer pessoa pode ser contratada, independente da orientação sexual, cor ou classe social. Ela só precisa estar qualificada para exercer a função”, disse.


A cartunista da Folha de S.Paulo Laerte Coutinho também esteve no evento e falou sobre a importância da luta pelos direitos humanos. Na semana passada, Laerte, que assumiu sua identidade de gênero  há três anos, foi à Justiça para ter o direito de poder frequentar também o banheiro feminino.


Rainha Thacka Ohara, Laerte e Renata Peron, dividem o palco

28 janeiro, 2012

Delegacias incluem nome social de travestis e transexuais em ocorrências

Rio - A chefe de Polícia Civil, delegada Martha Rocha, vai anunciar, na próxima segunda-feira, a inclusão do nome social de travestis e transexuais nos registros de ocorrência das delegacias. A ação, que integra conjunto de medidas do Programa Estadual Rio Sem Homofobia, proporcionará a composição de dados oficiais sobre homicídios e outros crimes praticados contra travestis e transexuais – população que mais sofre com a discriminação.
 
Atividades também serão realizadas em todo o Estado do Rio para celebrar o Dia Nacional da Visibilidade Trans, uma das datas mais importantes da comunidade LGBT. A Superintendência de Direitos Individuais Coletivos e Difusos da Secretaria de Assistência Social e Direitos Humanos e ONGs realizarão atividades para celebrar a data, como seminários, jornadas, exibição de filmes e espetáculos.
 
"É importante lembrar que a comunidade de travestis e transexuais é a mais atingida pela intolerância e o ódio. Elas são xingadas, violentadas e carregam um estigma criminoso que deve ser revertido. Neste dia queremos esclarecer que travestis e transexuais também são cidadãs e possuem seus direitos, como todos nós", disse o superintendente e coordenador do Programa Estadual Rio sem Homofobia, Cláudio Nascimento.




Estado reconhece outros direitos de travestis e transexuais
 
Em 8 de julho de 2011, o governador Sérgio Cabral assinou o Decreto 43.065, que dispõe sobre o direito ao uso do nome social por travestis e transexuais na administração direta e indireta do Estado do Rio de Janeiro. Um dos destaques da justificativa para o decreto foi que as políticas governamentais devem se orientar na promoção de políticas públicas e valores de respeito à paz, à diversidade e a não-discriminação por identidade de gênero e orientação sexual.

Siga o exemplo restante do Brasil e principalmente o meu estado de nascimento, São Paulo...

Murilo Armacollo: "Tomei um susto quando me vi caracterizado de mulher"

Murilo Armacollo: "Tomei um susto quando me vi caracterizado de mulher"

Em entrevista ao iG, ator fala sobre o desafio de interpretar um transexual na minissérie "O Brado Retumbante"

Gustavo Mause, especial para o iG Gente 27/01/2012 13:01

Murilo perdeu 15kg em 15 dias para viver a transexual Julie
A estreia de Murilo Armacollo na TV não poderia ser mais difícil - e também polêmica. O ator paranaense, de 24 anos, que participou de “Hairspray”, de Miguel Falabella, e de outros musicais como “Aladdin”, “Cabaret” e “New York, New York”, interpreta Julie, o filho transexual do presidente Paulo Ventura (Domingos Montagner) na minissérie “O Brado Retumbante”, da Globo, que termina nesta sexta-feira (27).
A produção da minissérie tratou a personagem de Murilo como um trunfo. O ator não participou da coletiva de imprensa para divulgar o trabalho, e o elenco evitou dar muitos detalhes sobre Julie. A espera valeu a pena: Murilo surpreendeu e apareceu irreconhecível na pele do transexual. O próprio ator ficou surpreso quando se viu caracterizado. “Tomei um susto. Fiquei a cara da minha irmã. Só que moreno, porque ela é loira”, contou Murilo em entrevista ao iG.
Murilo também contou como está sendo a reação das pessoas nas ruas, o que ouviu dos transexuais sobre sua interpretação e como se preparou para viver a personagem: ele abandonou a academia, fez uma dieta rigorosa e conseguiu perder 15kg em 15 dias, além do laboratório com uma transexual, que o ajudou a entender a cabeça dessas pessoas e os problemas pelos quais elas passam.
Confira a entrevista:

Foto: Divulgação/TV Globo
Murilo Armacollo e Maria Fernanda Cândido em cena de "O Brado Retumbante"
iG: Como você conseguiu o papel de Julie na minissérie?
Murilo Armacollo: Fiz um teste na Globo há muito tempo. Fiquei esperando, e de repente, me chamaram. Alguém viu o meu cadastro, gostou, e uma semana depois eu já estava fazendo a caracterização para a personagem.
iG: Era um desejo seu trabalhar em televisão?
Murilo Armacollo: Assim como fazer cinema, trabalhar na TV sempre foi um grande objetivo. Faz parte do nosso mundo, dos atores. Fazer algo grande, para a massa, é uma grande realização.
iG: Como você se preparou para o papel? Fez algo para ficar com o corpo menos masculino? 
Murilo Armacollo: Quando começamos a fazer os testes de figurino, me olhei no espelho e me achei grotesco. Então resolvi fazer uma dieta de proteínas rigorosa durante 15 dias. Deixei a musculação de lado e comecei a correr 20km todos os dias. Acabei conseguindo perder 15kg em 15 dias. Logo em seguida, comecei a fazer laboratório. Estudei bastante e pesquisei como era o psicológico dessas pessoas. Também assisti a vários filmes com o tema. Como queria fazer uma personagem bem feminina, sem cair no caricato, vi filmes da Marilyn Monroe, que foi um grande símbolo sexual, que inspirou muitas mulheres. 
iG: Você conversou com algum transexual durante essa preparação? 
Murilo Armacollo: Fiz laboratório com uma transexual que me ajudou muito. Ela me explicou como era viver assim, desde a infância, passando pelo entendimento com a família, até a preparação para a cirurgia de mudança de sexo.
iG: Ouviu alguma história chocante, que tenha te marcado? 
Murilo Armacollo: Todas as têm histórias de preconceito muito fortes. São agredidas verbalmente - e fisicamente também - diariamente, na rua, e às vezes dentro da própria casa. O que mais me chocou foi descobrir que elas não conseguem arranjar emprego. Às vezes até conseguem oportunidades de estágio, mas quando vão ser contratadas, o empregador vê que elas não fizeram ainda a cirurgia, olham os documentos, e não contratam. Dão desculpas para não contratar. Meu objetivo na série, além de fazer um bom trabalho, próximo da realidade, era que as pessoas entendessem que essas meninas precisam de uma vida social, precisam ser compreendidas pela sociedade, como eu, você, como todo mundo. Elas têm esse direito. Queria ter a sensibilidade de passar isso para o público de uma forma legal.
iG: Qual foi a sua reação ao se ver caracterizado como mulher?
Murillo Armacollo: Na hora em que me vi caracterizado, tomei um grande susto. Pensei: "To a cara da minha irmã! Só que moreno, porque ela é loira". Foi uma grande alegria, porque a preparação foi muito difícil. Quis fazer o mais delicado e suave possível. Não queria fazer algo grotesco. À partir do momento que me vi como Julie, falei: "Meu Deus, conseguimos!". Foi um alívio e um orgulho. Consegui alcançar a meta que tínhamos traçado para a personagem. 

Foto: Divulgação/TV Globo
Em "O Brado Retumbante", Murilo é filho do presidente Paulo Ventura, personagem de Domingos Montagner
iG: Como você foi recebido pelos atores mais experientes? Como é contracenar com Domingos Montagner e Maria Fernanda Cândido? 
Murilo Armacollo: Tive grande sorte em entrar em um elenco como esse, com feras. É maravilhoso trabalhar com o Domingos, com a Maria Fernanda, com José Wilker. São grandes ídolos meus. Todos eles, elenco e direção, me receberam de uma maneira muito maternal, me deixaram bem tranquilo. A linguagem é muito diferente, não estava acostumado, falei “Gente, to nervoso. Qualquer coisa me ajudem”. Mas todos me trataram muito bem. O trabalho começou direto, de igual pra igual, sem desculpas porque eu era novato.
iG: Outros atores que interpretaram personagens transexuais, ou mesmo gays, já sofreram agressões nas ruas. Tem medo de que aconteça algo semelhante com você? Como é a reação das pessoas nas ruas? 
Murilo Armacollo: Eu não tenho medo porque o trabalho foi bem executado por mim e pela equipe toda. Procurei fazer algo com delicadeza, que obviamente iria chocar, mas de uma maneira delicada e positiva. A reação das pessoas nas ruas é muito boa. Todos elogiam, me param para dizer que meu trabalho está incrível, que estou realmente parecendo uma mulher. Pela delicadeza da personagem, não acredito que vá repelir ninguém, pelo contrário. Até agora recebi muitos e-mails e mensagens no twitter com elogios de transexuais. Nunca tinha tido contato com essas pessoas, não sabia nada sobre o transtorno de identidade de gênero. Tinha medo de representá-las mal, mas acho que consegui fazer um bom trabalho.
iG: Tem medo de ficar marcado com um papel tão forte?
Murilo Armacollo: As pessoas podem, sim, lembrar da Julie, mas não acho que vou ficar marcado. É uma temática com a qual as pessoas não estão acostumadas, mas não tenho medo.

Foto: Reprodução/Facebook
Murilo Armacollo
iG: Você sabe como será o final da sua personagem? Pode adiantar algo? 
Murilo Armacollo: Eu não sei nada do que vai ao ar. Quando gravei minhas cenas, optei por não ver nada. Quero ter a mesma reação do público, me surpreender.
iG: Quais são os seus planos para a carreira?
Murilo Armacollo: O que eu quero é trabalhar. Vou continuar a fazer teatro, que é a minha raiz, mas gostei demais de TV. Espero que daqui para frente consiga outros ótimos papéis, tão difíceis quanto a Julie, pra que eu possa fazer esse trabalho de pesquisa de construção do personagem, que é muito prazeroso.





26 janeiro, 2012

Transgênero, Laerte é impedida de usar banheiro feminino em SP

Uma cliente transfobica da pizzaria ficou "constrangida" ao ver Laerte no banheiro feminino

A cartunista Laerte Coutinho foi discriminada na noite de terça-feira (24). Ela foi impedida de usar o banheiro feminino da Pizzaria e Lanchonete Real, no bairro de Sumaré.

Segundo Ricardo Cunha, um dos sócios da pizzaria, o pedido partiu de uma cliente que ficou "constrangida" porque a filha estava no banheiro na hora em que Laerte entrou. Seu sócio e irmão Renato perguntou a cartunista, que é transgênero, se ela então poderia usar o banheiro masculino.

Laerte, que assumiu sua trans generalidade como uma mulher desde 2010, afirma que nunca passou por uma situação como essa. "E daí que ela estava com uma criança? O que a criança viu que não poderia ver? Banheiro é uma das áreas mais tabus que existe. Você não vê genitália, gente pelada", disse.

Após o aviso da direção da casa, ela chegou a conversar com a mulher. "Ela não entendeu a existência de Laerte. Para ela, travesti é uma espécie de sem-vergonha, um transformer, um palhaço. Eles estão desinformados. Com boa ou má fé, eles estão praticando o preconceito", afirmou a cartunista.


O caso deixou os sócios da casa sem saber como proceder. Laerte já é cliente da casa, já havia usado o banheiro das mulheres, nunca teve problema. Ficamos em cima do muro, é uma situação delicada. Ela nunca tinha passado por isso e não sabíamos o que falar: se ela podia usar o banheiro das mulheres, ou se ele não pode. Não sei na verdade", disse Cunha.


Laerte disse que está estudando acionar a Lei 10.948 sobre o caso. "Estou me instruindo e municiando de informações para saber o que fazer. Queria que a casa compreendesse a violação do meu direito, se retratasse e eu pudesse voltar a usar o banheiro", pediu.


Direitos e Lei
Segundo a Lei 10.948, é considerado ato discriminatório proibir o ingresso ou permanência de homossexuais, bissexuais e transgêneros em qualquer ambiente ou estabelecimento público ou privado.

Uma transexual na política colombiana

É a primeira vez que uma transexual ocupa um cargo político na Colômbia. Com 34 anos, Tatiana Piñeros faz história ao mesmo tempo que gere seis mil funcionários e um orçamento de milhões de euros.

foto DR
Uma transexual na política colombiana
Tatiana Piñeros assumiu cargo na autarquia de Bogotá
A nova directora da Secretaria de Integração Social de Bogotá garante que nunca a verão envergonhada na rua por ser transexual. "Sou uma mulher com 1.75 metros de altura e uso saltos altos. Chamo a atenção não por ser 'transexual', mas pela minha altura. E porque caminho com graciosidade e segurança", disse Tatiana Piñeros ao jornal espanhol "El Mundo".
A nova aposta da Câmara Municipal da capital colombiana tem a seu cargo um dos projectos mais importantes para o autarca Gustavo Petro: criar uma rede de seis mil jardins de infância. Cerca de 220 milhões de euros estão envolvidos nesta missão. Mas desde que assumiu o cargo, a vida pessoal de Tatiana Piñeros tem sido o alvo de todo o interesse.
Vai à missa todos os domingos e vive com um só objectivo - ser feliz. Na sua nova posição política diz estar ciente de que o facto de ser transexual não lhe permitirá ter o direito de falhar. "Os heterossexuais podem fazer outros trabalhos mesmo não tendo qualificações, mas um transexual nem mesas pode limpar", disse ao diário espanhol. "Temos que ser as melhores".
Toda a vida sentiu que era uma mulher, mas só há cinco anos fez a mudança de sexo. Hoje, descreve-se como uma mulher "forte e sensível" e diz que a sua condição sexual a obrigou a cultivar uma "personalidade de ferro".
Defensora de uma política sem ataques pessoais, Tatiana Piñeros espera que, no final do seu mandato, daqui a quatro anos, Bogotá seja uma cidade "inclusiva, próspera e humana".

15 janeiro, 2012

Modelo transexual está na disputa pelo título de Miss Inglaterra




Jackie Green se tornou a mais jovem transexual inglesa após fazer uma operação de mudança de sexo na Tailândia em seu aniversário de 16 anos. Agora, aos 18, Jackie foi convidada por olheiros que não sabiam de sua história a participar do Miss Inglaterra, noticiou o site do The Sun. A aspirante a modelo quer usar a oportunidade para falar sobre bullying e transexualidade.

"Fiquei impressionada quando os olheiros me chamaram. O Miss Inglaterra é um concurso de muito prestígio. Eu adoraria ganhar. Eu tenho tanta chance quanto qualquer outra mulher", disse Jackie.



O desejo de Jackie de trocar de sexo vem desde os 4 anos de idade. Aos 10 anos, ela já tinha cabelos longos e usava uniformes femininos para ir à escola. Aos 12, sua mãe, Susie, levou a menina a uma clínica nos Estados Unidos para que começasse a tomar hormônios e interrompesse a puberdade. O próximo passo foi fazer uma segunda hipoteca da casa para pagar a mudança de sexo, que custou cerca de R$ 75 mil.Por causa de bullying, Jackie chegou a tentar o suicídio cinco vezes.

"Eu tenho que agradecer a minha mãe. Ela salvou minha vida", declarou.

Jackie está em uma rodada preliminar do concurso, onde o público decide quais candidatas disputarão a semifinal.